sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sonhos naufragados 2

Um comentário:

  1. ...aquele era o meu reflexo repetidamente cansado em seu espelho, e seu gosto custava a ir embora. sua força demorou a dissipar desta vez, acho que está aprendendo a respirar por conta própria. lembro de quando você dizia: - a vida é sua, estrague-a como quiser! lembro.

    ...teu silêncio ecoa pela casa, me acordando ou só falando comigo. mesmo sem querer ainda sinto o teu calor, teu gosto. acho que ainda gosto mais de você do que de mim. acho, mas agora não é sempre. meu corpo formiga, a saudade ainda me vitima, mas os anti-depressivos me tomam de sentir o que é teu gosto.

    ...lembro de quando você dizia que o mundo caberia na palma da nossa mão. assisto esse filme todo dia e o dia todo na minha mente. você sabia que nunca mais vi nenhum dos nossos lugares favoritos? descobri que o lugar que mais gostava era o lado seu.

    ...tenho que ir, ainda desta vez não será pra sempre, mas demorarei um pouco mais para retornar. tô saindo hoje do coma, os médicos estão esperançosos e minha família também. lembra da tia Zeni? ela tem orado muito para mim, sinto e às vezes ouço. ela reza a mesma oração que, por diversas vezes, rezei para você.

    ...ainda penso que vou te encontrar um dia, talvez demore. ainda me sinto muito mais preso a esse mundo do que eu queria, é verdade. devo ter muito a fazer ainda por aqui. preciso ir, no próximo chamado imagino que já despertarei. sinta o meu beijo como sinto a tua presença, sinta-me como nunca deixei de te sentir. te amo meu amor, e é tanto que seja ser inconcebível.

    (Natália e Henrique - 14/10/1894)

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